Descobrindo o "eu"
Pouca reflexão fazemos da nossa vida para percebermos nela a unidade narrativa que ela é: somos todos um livro cujas páginas são escritas às várias mãos, de amigos e inimigos, de familiares e colegas, de trabalhos e escolas, de interesses sociais e amores, e uma parte disto é o que poderíamos chamar do eu, que anda muitas vezes trancafiado nas profundezas de seu próprio ser só engolindo os seres de outros seres, de outros eus. É verdade que o caminho de descoberta de si não se passa pela ruptura com amigos, inimigos, família, com trabalhos, nada disto; se passa pelo seguir exatamente neste caminho e absorvendo o que nós mesmos vimos e encontramos dentro de nós pelo espelho da realidade exterior. O mundo se divide em interior e exterior, o interior é o próprio eu numa matéria-prima potencial o tempo todo trabalhada e retrabalhada, nunca esgotada em si; o exterior é matéria-prima para o interior e ao mesmo tempo é o seu agente formulador, o progenitor do eu, mas não isoladamente. Existe ...