Natal: Tempo de Esperança

A cada ano o valor do Natal diminui porque as pessoas estão perdendo a fé em si mesmas, no futuro e na bondade. Parece duro o que digo, mas não é, uma sociedade que aceita normas pela sobrevivência já é uma sociedade que está morrendo. vivemos numa sociedade enferma de espírito, de cultura, de sadia relação com o outro eu, uma perda abissal da empatia que fora substituída pela norma. A norma é uma senhora muito estranha, ela chega devagar como uma imposição quase natural ao modo como a casa procede, e quando menos se pensa lá está ela mandando no jeito que se limpa o fogão, como se limpa a pia e os talheres, de quanto sal se põe na comida, o frango não pode ser frito, tem que ser assado, diz em alto e estridente som. Ela é mandona, turrona, mas agora que foi recebida por um contrato já não quer sair da casa. Quando menos se nota, os moradores da casa saem e esquecem que os donos da casa são eles, então ela manda e comanda o que nunca lhe pertencera. O Natal é o dia que Nosso Senhor escolheu para vir ao mundo e amá-lo pessoalmente, em carne e osso, como que para os adões (ou adãos?) disserem: Este sim é Osso dos meus ossos, e Carne da minha carne! Pequenino, simples, numa lapa; assim veio ele que tinha tudo e ao mesmo tempo nada. Esta pobreza de Cristo é em grande medida para lembrar que Adão fora tirado do Paraíso e que o trabalho é cura para a soberba. Quando o homem começa a perder fé em si mesmo, começa a querer intervir na sua própria realidade como Adão que já não confiou tanto na bondade da vida, de que Deus está querendo nos trapacear. A dificuldade para resolver este problema dentro de nós é tamanha que facilmente caímos na narrativa do mundo de que devemos fazer algo para impedir que a bondade se imponha, no fundo é acreditar que o mundo é mal e que devemos intervir por comer frutos desconhecidos. E assim o homem perde a fé no futuro, pois percebe que suas soluções são falsas. Apenas uma sociedade que já adoecera de espírito, desanimada e sem norte cai na armadilha da perda deste tilintar do futuro, e é daí que começa a perder a empatia, pois se o mundo é mal, então todos devemos ter muito cuidado para não sermos presos nele, e o que fazemos depois? Sim, vamos direto parar nos braços do mesmo mundo, mas é o mundo do trabalho suado, árduo, caro. Desde que adentramos estas transformações dos últimos anos, a sociedade se revelou enferma e triste, totalmente crente de que o mundo é mal e que precisa ser combatido por todos os lados, porque existem inimigos querendo sabotar-lhe de todas as formas. E crentes disto, agem por sabotar e destruir a si e a todos por todos os lados, se tornando indiferentes, ansiosos para que alguém combata por elas no espaço que era delas, e assim, a dona norma entrou na casa e ocupou o seu lugar. Não percamos a Esperança, pois Jesus não é a senhora norma, mas o Senhor da Vida e da História.

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