Quem lê hoje em dia?
Estes dias estava eu vendo uma informação de quantos livros leem por ano a medianidade da população de vários países, como a informação já era de terceira via, preferi dar uma pesquisada na internet e assim '‘averiguar’' por mim mesmo as informações.
No site do UOL, apresenta-nos uma informação de que os franceses leem em média 21 livros por ano, enquanto que o Brasil lê em média 5, o que é até bastante. Outra pesquisa, Instituto Pró-Livro, aponta que o Nordeste é onde mais se lê. Em João Pessoa, 64% da população é leitora regular, algo impressionante. Se contarmos pelo número de horas em média, a Índia fica em primeiro lugar, com quase 11 horas de leitura de livros por semana; Tailândia, China e Filipinas, todos asiáticos, ficam em seguida. E embora estivesse o Brasil numa não tão ruim posição, com 5 horas em média de leitura de livros por semana, a informação aponta que esta faixa está concentrada entre os estudantes, crianças e adolescentes, especialmente, o que quer dizer, estar a tratar sobre leitura se obrigada a estudos escolares. Todas estas pesquisas são muito otimistas ainda, a realidade é muito pior, e é só conversar com qualquer pessoa que você encontrar pelo caminho e perguntá-la quantos livros ela lê, e quanto tempo ela gasta de ler livros, e você verá que ela primeiro vai te olhar com estranheza, e depois de algum tempo, quando perceber que você a pergunta seriamente, ela responderá que lê reportagens de portais de notícia, como UOL e Globo.
A maior parte do brasileiro só acha que deva ler por ocasião da escola e dos estudos obrigatórios. Na escola, dever-se-ia ler livros didáticos, que são vômitos em forma de texto, ou texto em forma de vômitos, mas nem isto estão fazendo mais. Na faculdade, ler-se-á, quando muito, artiguinhos científicos de revistas correlacionadas à matéria disciplinar e se ignorará a necessidade de livros, e mesmo quem dentro os tome, será visto com estranheza: “Para quê livros, se ele será bacharel sem lê-los?” A coisa piorou muito desde Policarpo Quaresma.
O adulto, no Brasil, é aquele que está dispensado de ler qualquer coisa, e ler livros é sair da normalidade. Pode-se ler, livros de autoajuda e negócios, que não é leitura que se deva honradamente contar, mas os que não leem e não veem necessidade alguma de ler, verão estes como pessoas problemáticas, que confessaram fracasso na vida para que precisem ler livros de autoajuda, controle emocional, e outras leituras de cunho espiritualóide ou psicomorfológico.
A Psicosofia é o mais rentável negócio atual, e os escriturantes de roteiro de couche (coach) de ajuda psicosófica possuem grande mercado. O mercado do livro virou literalmente um mercado financeiro, em que o '‘conhecimento’' é apenas um produto para arrebanhar donzelas presas nos castelos, e a habilidade de escrita é usada apenas com finalidade técnica e se cria uma linguagem psicosófica habilmente psicótica, que atrai a pessoa para o mundo obscuro da vontade de comprar e vender. Isto é psicosofia, a linguagem psicomorfológica usada como plenitude da sabedoria, e esta a mercê daquela, usada como meio de manipulação do homem.
Ler não é essencial para a existência humana, mas é a única forma de estabilizar o conhecimento da inteligência humana, individual e socialmente ao mesmo tempo. Tira a leitura e todo registro escrito, em um ou dois séculos, cada região do Brasil falará uma língua diferente e incompreensível às demais regiões. Tire a literatura do Brasil, e em dois ou três séculos seremos uma nova Índia, com milhares de dialetos e cuja população tem que ser poliglota para viver dentro de um mesmo território, da qual denominaram "União Indiana", que por sinal, nunca foi um país. Em dois ou três séculos, e ninguém mais sentirá necessidade de ser brasileiro, e quererá ter sua própria independência, e isto, de maneira justa.
Hoje em dia, dir-se-ia, que este perigo da fragmentação das línguas, especialmente a portuguesa no Brasil, é menor, por causa da internet. Julgam aqueles adultos, que não veem necessidade de leitura e criticam quem faz, que a internet veio para ficar, e que os livros são coisa do passado! Ora, isto foi o que disseram quando surgiu o rádio, foi o que disseram quando surgiu a TV, foi o que disseram quando surgiu o cinema, foi o que disseram quando surgiu a internet e as redes sociais, fenômeno deste início de século. Mas a verdade que todas estas tecnologias não substituíram umas pelas outras, e nem muito menos substituíram as técnicas milenares da cultura humana autóctone em várias civilizações díspares, como Maias, Astecas, Incas, Indianos, Chineses, Japoneses, Persas, Árabes, Gregos, Fenícios e Hebreus. A internet vai acabar e vai surgir tecnologias que a substituam, e a necessidade do registro de conhecimento em livros impressos, em papel ou madeira, que no fim é a mesma coisa, tal como a humanidade sempre o fez, desde que os criaram, continuará firme e forte.
Não é minha intenção ser proselitista, mas quero fazer um pouco de simbolismo: Se o livro fosse coisa do passado, e portanto, não perene, então a Bíblia seria digitada num bloco de notas de um computador pessoal de algum profeta programador ou 'couche'. Na Bíblia, um anjo descia para entregar um pergaminho ao profeta, que não obstante, era um papel escrito do Céu! Mas hoje diria os moderninhos esnobes, que os anjos deveriam descer e entregar um kindle ou um smartphone, pergaminhos são coisa do passado. Mas os livros, impressos e derivados, sobreviverão às guerras e às mudanças do mundo, aos seus inimigos, bem como a Rainha Elizabeth II.
Livros é necessidade vital para a cultura do conhecimento humano, assim como a cultura de arroz é essencial para diversos povos que dela vivem. Não há diferença entre cultura de arroz, cebola ou batata e a cultura de livros, aquelas alimentam o corpo, que não obstante, precisará alimentar-se sempre, esta, alimenta o espírito, que, idem, sempre precisará de novas tigelas de páginas bem escritas.
https://www.vivendobauru.com.br/qual-e-o-povo-que-mais-le-no-mundo/
https://ecloniq.com/qual-o-pais-que-mais-le-no-mundo-confira-isto-paises-que-mais-leem/
Comentários
Postar um comentário