Tecnologia e o nosso futuro

 

Tecnologia e o nosso futuro

Vivemos num mundo em que as tecnologias se tornaram num bem acessível à grande maioria das pessoas; uma criança hoje já nasce com um computador na mão, e as consequências disso nós não sabemos. É como uma nova roupa, ou um tratamento médico, um medicamento, um novo emprego, não sabemos se será bom ou ruim, até que os sinais transcorram com o tempo. Assim nossa vida está permeada de realidades que ignoramos, e cujas consequências, boas ou nefastas, não passa em nossa mente, exceto, talvez, aquela falseada esperança de que tudo caminha para uma melhoria ascendente sempre. Esquecemos que o homem é um ser que pode caminhar para trás, e em verdade, quem conhece minimamente a história, vê que a história do homem não é uma reta ascendente, que evolui, mas é um zigue-zague correndo dos desafios que por toda parte o obrigam a sobreviver e agir. Também as nações ziguezagueiam de um lado a outro, caindo e se levantando, morrendo e nascendo, e o sentido delas, em si mesmas não existe, a não ser naquilo que elas têm de vocação e que é difícil perceber ou descobrir, exceto, muitas vezes, quando acabam.

Com a tecnologia, hoje conhecemos boa parte do mundo, e temos a impressão de que ele é pequeno, acessível às nossas mãos, aos nossos carros, aviões e navios, mas a verdade é que o mundo é muito grande, e o que se reduziu dele foi a ideia que tínhamos dele. A tecnologia expandiu nosso horizonte de ação, mas alienou nossa percepção do mundo, e nos faz crer senhores, quando muitos de nós já nos tornamos escravos, invés de inteligentes, alienados, crentes num progresso bajulador e mimos emburrecedores. Sinto que há grande importância em se discutir tais assuntos, pelo único motivo que assim como não sabemos o que ocorrerá com a criança que hoje nasce e manuseia um computador quase como uma extensão de seu corpo, se amanhã ela será saudável, se desenvolverá um tipo de distúrbio ou algo grave que por ora se ignora, também as nações são como essas crianças, apenas se envolvem com as tecnologias que as fazem agir e manusear o grande maquinário econômico e científico, mas elas não sabem para que fim as levará tudo isso, pois já se alça além da capacidade humana de pensar, mesmo dos governos, pois torna-se demasiado complexo a cada dia. Muitas das tecnologias que hoje surgem e já são parte de nossas vidas surgiram ontem, há poucos anos, como as redes sociais, a internet, e já surge pelo mundo inteiro a ideia de regular tudo isto.

Antigamente havia o senso do que era a vida pública, uma pessoa que se dava ao público, geralmente artistas e políticos, que queriam expor a si mesmos ao escrutínio do povo, este geralmente anônimo e desdenhante da fama, sabia separar sua vida privada da pública, e mesmo assim eram visto um tanto com esquisitice, porque não eram tão bem vistos pela sociedade. Mas hoje não é assim, mesmo os bebês que acabam de nascer, já ganham perfis na internet e um diário de suas vidas, publicamente, aos olhos de todos que quiserem ver, a fronteira da vida pública, antes bem definida, hoje quase se estende ao interior da vida privada, de casais que quase revelam a intimidade de seu leito conjugal para conseguir chamar a atenção de gente que longinquamente tem a ver com eles. Se essa banalização não possui consequência alguma, ao menos a mesma banalidade se estende às nações e seus governos, em que já mergulharam na cultura tecnológica sem freios, que põe a perder até segurança nacional de países inteiros, pela perda de noção de registro social.

Ao meu ver, tudo isso cabe num novo tipo de barbarismo que cresce no mundo e tende a nivelar tudo para baixo. As pessoas perdem a noção de espaço, e privado ou público, virtual e real, pessoas e seguidores são nivelados para o mesmo plano, histérico e alienado da realidade. Mas as consequências já estamos a sofrer, não são poucos os casos de pessoas que não acreditam mais no que veem, e que buscam na internet, saber se aquilo foi real ou não, como se esta tivesse poder de dizer a verdade ou não. Quando não a internet, por certo o jornal e a televisão cumprem este papel, de intermediador da realidade que o homem vive. 

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