Escritores e Pretensos escritores

 A linha que separa escritores de pretensos escritores é muito tênue. Há escritores que nunca foram, e há pretensos que já são, porque a diferença reside na substância do que é escrito, há substância individual, tal como o pão precisa da matéria nutritiva para ser pão, e o vinho precisa vir da uva e ter álcool para ser vinho, tal como da cana de açucar pode vir o melado ou a cachaça, a substância é nítida. 

As palavras são a matéria de que o escritor vai utilizar para dar substância às suas ideias, e com elas vai formar o seu pão, com a parte nutritiva que vai alimentar a imaginação de um outro. O escritor escreve por si e para o outro, não existe egoísmo e altruísmo nesta ação, é tudo uma coisa só. A doação é venda, a compra é alienação de bem do outro. 

O escritor vai utilizar estas palavras e formar suas ideias e atribuir-lhes substância que alimente o outro, não conforme o pedido do outro, nem muito menos conforme a sua própria, mas conforme o pão que se queira expor na vitrine da padaria e vender. Ninguém se pergunta o valor das tangerinas, saboreia-as. Quando precisamos saber o valor de um alimento, é porque não temos certeza do seu gosto e do prazer que nos confere. 

Se o que um escritor escreve não há certeza para o outro da sua utilidade, é porque não sabe do valor nutritivo que aquele escrito tem. Tal como um iletrado não enxerga valor em filosofia, ou um dinheirista não entende o valor da poesia. 

Mas há também quem escreva sem substância alguma, e o leitor não tira dele nenhum proveito, porque é algo insosso que não serve para nada, só serve para ser pisado pelos homens. E ter ou não substância no que se escreve diferencia escritores de pretensos escritores.

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